Um espetáculo de sons, cores e emoção
Show de lançamento oficial do Änïmä Minas surpreende e encanta a platéia
Às 22 horas os portões da Pantheon se abriram e as pessoas que já estavam do lado de fora puderam entrar. Enquanto se acomodavam nas suas devidas mesas, olhavam para o palco. Não esperavam encontrar um cenário como aquele. Milhares de triângulos em três tamanhos diferentes dependurados em telas que, formavam a serra de Três Pontas. Abaixo, a mesma cortina de triângulos brancos e prateados nascendo bem perto do chão, como uma explosão de estrelas espalhando pontos luminosos por toda a parte. Montanhas de ferro, cabideiros de lata velha, bolas de meia, bolas de gude, trenzinho de madeira, papagaios, rabiolas e bandeiras. Foi uma boa primeira impressão, e dizem que a primeira impressão é a que fica. Mas, quando os músicos subiram no palco o público teve uma segunda impressão, ainda melhor e surpreendente.
Os 15 integrantes carregavam armações de guarda-chuvas com fitilhos, cacos de espelhos, flores, penas, plumas, botões e barbantes, iluminados apenas por uma lanterna. Cada um se posicionou no seu lugar e dependurou o guarda-chuva. Então, um a um os guarda-chuvas foram subindo, como vaga-lumes compondo um “céu de guarda-chuvas”, na definição de Keller Veiga, criador do cenário. A bateria começou a marcar o compasso, as luzes se acenderam e os acordes e vozes ecoaram “Saudades dos Aviões da Panair” por cada canto da casa de eventos. Na hora e meia que se seguiu, os “meninos” do Änïmä Minas deram um verdadeiro espetáculo, contagiando o público, com uma qualidade musical que mexeu com a emoção das pessoas. Durante o show, ouvia-se por aqui e por ali “O que é isso?”, “Que coisa maravilhosa”, “Nunca vi um show assim em Três Pontas”.
Na platéia, um convidado especial, Milton Nascimento, o homenageado da noite, aplaudindo cada música, marcando o ritmo com a mão. Os músicos surpreenderam a todos, Felipe Duarte (que divide a direção musical com Marco Elizeo e que cuidou de toda a produção da banda), Marco Elizeo (que também fez os arranjos e adaptações de arranjos), Ismael Júnior, Fernando Marchetti, Dayvid Castro, Clayton Prosperi, João Victor, Ademir Xavier, Paulo Fransico, Heitor Branquinho, Hugo Branquinho, Paulo Loures, Bruno de Moraes, André Duarte e Adriano Kamizaki.
Violões, guitarras, contra-baixo, pianos, flauta, percussão, bateria e 10 vozes apresentaram grandes sucessos compostos por Milton ou interpretados por ele em seus discos, do início da carreira até o último, Pietá. “Paula e Bebeto”, “Cravo e Canela”, “Para Lennon e McCartney”, “Änïmä”, “Comunhão”, “Raça”, “Quem sabe isso quer dizer amor”, “Outro Lugar”, “San Vicente”, “Beco do Mota/ Vera Cruz”, “Paciência”, “Milagre dos Peixes”, um belíssimo arranjo a capela (apenas vozes acompanhadas por violão) de “Coração Civil / Paixão e Fé / Maria Solidária” e, para encerrar, “Nos Bailes da Vida”, que traduz não só a realidade de cada um dos músicos do Änïmä como dos primeiros anos de estrada do homenageado Bituca, cantando aonde o povo está, “nos bailes da vida ou num bar em troca de pão, que muita gente boa pos o pé na profissão de tocar um instrumento e de cantar...”
Aplausos, assobios, e o público pediu o tradicional bis. Foi então que todos se levantaram das suas cadeiras e cantaram com a banda “Maria Maria”, batendo palmas, dançando, pulando. E foi assim que terminou o primeiro de lançamento oficial do grupo trespontano Änïmä Minas. Agora, é hora de colocar o pé nessa estrada e continuar a caminhar, e cantar.
(Matéria publicada no Correio Trespontano em 21/12/2007)