Quer saber quais os principais festivais de cultura do país? Agora a Marolo Produções acaba de criar uma revista eletrônica só para isso. Lá vamos dar o calendário dos maiores e mais importantes festivais de cultura do Brasil, das diversas áreas da arte, como música, literatura, dança, teatro, cinema.
Assim, quem curte esse tipo de programa super cultural, pode se programar e escolher onde ir, ver quais os festivais têm mais a ver com o seu perfil, quais oferecem oficinas, programação gratuita, etc.
O blog entrou no ar hoje, mas a estréia do conteúdo é amanhã!
Anote aí: maroleirofestivais.blogspot.com
Até!
Maria
Maroleiro é o pé do marolo, uma fruta de casca dura, áspera, irregular, com polpa alaranjada, impregnada por grãos de areia. O sabor, no entanto, é único, perfumado, inesquecível.
22.7.08
17.7.08
Carta a uma amiga
Ontem recebi um e-mail de uma amiga que está morando em Dublin, capital da Irlanda. Ela mora lá há uns três anos. É formada em rádio e tv, mas está trabalhando com vinhos, e adorando. Mesmo assim, tem alguns conflitos, porque ainda vai demorar para voltar ao Brasil e acha que está adiando o regresso à vida real. Eu não acho isso, e respondi ao seu e-mail tentando consolá-la. Quando percebi, tinha escrito uma crônica, e senti que era tão verdadeira para mim, que decidi publicá-la. Vamos lá:
“Querida amiga,
Estava lendo o seu e-mail e imaginando tudo que contou... Pra mim parece um filme desses, no estilo "Sob o Sol da Toscana", ou um filme francês no qual os amigos vão passar o fim de semana numa casa de campo, para conversar, comer e beber vinho. Tem até um segundo filme, passado 20 anos depois. Só não lembro os nomes agora, mas são dois clássicos.
Sua vida deve estar uma delícia, aproveite... E que chique eu ter uma amiga entendida de vinhos! Essa é a vida real, a vida que a gente vive, um dia depois do outro. O futuro, como se diz, "a Deus pertence"... Aproveite, não fique com essa confusão boba na cabeça. O seu lugar, agora, é aí, onde você está, nessa vida tão charmosa que está vivendo. Vá para a Índia, faça tudo o que quiser. Você não está adiando nada, você apenas está escrevendo a sua história.
Quando você conta o seu dia-a-dia, me dá uma inveja boa, uma vontade de viver isso um pouco, embora eu tenha consciência de que provavelmente não daria conta de ficar mais que um mês. Ah, estive em Lisboa, sim, mas foi muito corrido, por isso não te liguei. Fui em abril. Fui a Sintra, que é do lado, e em uma aldeia chamada Eira Pedrinha, perto de Coimbra, onde nasceu meu tataravô. Peguei o trem e fui lá. Não tem turismo, é um fim de mundo, mas eu queria conhecer. Foi muito legal. Fui sozinha mesmo, porque o Felipe arrumou um trabalho na última hora e não pôde ir.
No mais, estamos aqui, na mesma vida. Eu, tendo uma idéia nova a cada dia, das quais um monte - a maioria - dá errado, mas pelo menos me divirto, e algumas dão certo. O Daniel está quase do meu tamanho, e calçando 40. Olha que ele só tem 10 anos. O Felipe está ótimo, trabalhando de doutor advogado e músico. E os planos de voltar para Três Pontas continuam, para algum dia. Compramos um terreno lá e eu trouxe uma mala de azulejos velhos de Lisboa para enfeitar a parede da casa que ainda não temos, mas vamos construir.
Quero também uma parede de ladrilhos e um vitral. Quero um fogão a lenha, um pé de jabuticaba e um escorregador que sai da janela do segundo andar e cai direto numa piscina. Quero um estúdio para o Felipe e um escritório pra mim, num ponto bem alto, para eu ver o cafezal de um lado e parte da cidade do outro. Quero uma banheira de louça, porque detesto banheira de hidromassagem, e quero um cano para descer do segundo para o primeiro andar, como no Corpo de Bombeiros. Quero uma casa que se pareça com um sobrado por fora, e que seja moderna e arejada por dentro. Quero janelas grandes, portas enormes e paredes grossas, para eu me sentir protegida. Quero a mesa sempre posta, um limoeiro e um pé de marolo.
Meu primo diz que é coisa demais para o tamanho do terreno. Mas garanti que meu padrinho é um super arquiteto e pode fazer isso e muito mais. Como você pode ver, não quero só uma casa, quero um sonho de tijolos. Sei que é difícil, mas não impossível, né? Vou começar erguendo o muro e plantando as árvores. Depois vou aos poucos colocando um tijolo sobre outro, entre um sonho e outro. Enfim, acho que me empolguei no e-mail... Vamos nos falando, sim? Um lindo dia pra você, entre uma garrafa de vinho e outra...
Um beijo grande,
Maria”
“Querida amiga,
Estava lendo o seu e-mail e imaginando tudo que contou... Pra mim parece um filme desses, no estilo "Sob o Sol da Toscana", ou um filme francês no qual os amigos vão passar o fim de semana numa casa de campo, para conversar, comer e beber vinho. Tem até um segundo filme, passado 20 anos depois. Só não lembro os nomes agora, mas são dois clássicos.
Sua vida deve estar uma delícia, aproveite... E que chique eu ter uma amiga entendida de vinhos! Essa é a vida real, a vida que a gente vive, um dia depois do outro. O futuro, como se diz, "a Deus pertence"... Aproveite, não fique com essa confusão boba na cabeça. O seu lugar, agora, é aí, onde você está, nessa vida tão charmosa que está vivendo. Vá para a Índia, faça tudo o que quiser. Você não está adiando nada, você apenas está escrevendo a sua história.
Quando você conta o seu dia-a-dia, me dá uma inveja boa, uma vontade de viver isso um pouco, embora eu tenha consciência de que provavelmente não daria conta de ficar mais que um mês. Ah, estive em Lisboa, sim, mas foi muito corrido, por isso não te liguei. Fui em abril. Fui a Sintra, que é do lado, e em uma aldeia chamada Eira Pedrinha, perto de Coimbra, onde nasceu meu tataravô. Peguei o trem e fui lá. Não tem turismo, é um fim de mundo, mas eu queria conhecer. Foi muito legal. Fui sozinha mesmo, porque o Felipe arrumou um trabalho na última hora e não pôde ir.
No mais, estamos aqui, na mesma vida. Eu, tendo uma idéia nova a cada dia, das quais um monte - a maioria - dá errado, mas pelo menos me divirto, e algumas dão certo. O Daniel está quase do meu tamanho, e calçando 40. Olha que ele só tem 10 anos. O Felipe está ótimo, trabalhando de doutor advogado e músico. E os planos de voltar para Três Pontas continuam, para algum dia. Compramos um terreno lá e eu trouxe uma mala de azulejos velhos de Lisboa para enfeitar a parede da casa que ainda não temos, mas vamos construir.
Quero também uma parede de ladrilhos e um vitral. Quero um fogão a lenha, um pé de jabuticaba e um escorregador que sai da janela do segundo andar e cai direto numa piscina. Quero um estúdio para o Felipe e um escritório pra mim, num ponto bem alto, para eu ver o cafezal de um lado e parte da cidade do outro. Quero uma banheira de louça, porque detesto banheira de hidromassagem, e quero um cano para descer do segundo para o primeiro andar, como no Corpo de Bombeiros. Quero uma casa que se pareça com um sobrado por fora, e que seja moderna e arejada por dentro. Quero janelas grandes, portas enormes e paredes grossas, para eu me sentir protegida. Quero a mesa sempre posta, um limoeiro e um pé de marolo.
Meu primo diz que é coisa demais para o tamanho do terreno. Mas garanti que meu padrinho é um super arquiteto e pode fazer isso e muito mais. Como você pode ver, não quero só uma casa, quero um sonho de tijolos. Sei que é difícil, mas não impossível, né? Vou começar erguendo o muro e plantando as árvores. Depois vou aos poucos colocando um tijolo sobre outro, entre um sonho e outro. Enfim, acho que me empolguei no e-mail... Vamos nos falando, sim? Um lindo dia pra você, entre uma garrafa de vinho e outra...
Um beijo grande,
Maria”
11.7.08
INSS, pra frente Brasil...
Hoje fui ao INSS às 7:30. Achei que abria às 7:00, pelo menos esse era o horário de funcionamento da última vez que fui lá, das 7:00 às 14:00. Mas, surpresa, estava fechado e a placa indicava: "Horário de atendimento ao público: das 8:00 às 14:00".
Faltava meia hora e só tinha uma mulher na porta. Resolvi tomar um café. No entanto, antes a mulher me perguntou, com muita educação e gentileza:
- Por favor, o que essa placa quer dizer, o que é atendimento ao público? Eu preciso fazer uma inscrição, será que vou conseguir?
- Vai sim, atendimento ao público quer dizer que esse é horário que qualquer pessoa pode vir aqui e ser atendida, perguntar, esclarecer dúvida, essas coisas.
- Ah, obrigada. Desculpa eu te perguntar, mas li a placa e fiquei com medo de ser outra coisa, eu não estava entendendo.
Fiquei com tanta pena da mulher, que aparentava ser de um nível sócio-econômico razoável, que a convidei para ir tomar o café comigo. "Não, obrigada, vou ficar aqui esperando para ser a primeira". "Quer que eu traga um pão de queijo pra você?". "Não, não, obrigada mesmo, pode ir".
E lá fui eu, pensando na pobre da moça e na sua aflição diante daquela frase indecifrável. Afinal, "atendimento ao público" é realmente difícil de entender. Não estou brincando, estou falando sério. Talvez seja uma coisa ridícula para quem está acostumado com esse vocabulário, com quem lê, nem que seja de vez em quando, uma notícia de jornal ou um livro, uma história em quadrinhos. Mas, para quem não teve estudo suficiente, ou apenas frequentou a escola e nunca mais teve contato com o universo intelectual, "atendimento ao público" pode ser um bicho de sete cabeças.
Fiquei pensando nisso enquanto tomava meu café com leite e comia um queijo quente. Logo veio uma sensação de tristeza e vergonha entre uma mordida e outra. Tristeza pela ignorância tão real daquela mulher, uma mulher tão gentil, com um sorriso e uma educação raros hoje em dia. Vergonha por eu tê-la criticado no meu íntimo, mesmo que por um segundo, como se aquela dificuldade de entendimento fosse algo absurdo. Pois bem, na meia hora seguinte o que vi, sem precisar procurar, é que essa é a realidade da maioria das pessoas, e o pior é que, que tem um pouco mais de instrução, lava as mãos, e eu me incluo aí.
Voltei ao INSS. Cada pessoa pegava a sua senha e ia para as cadeiras, esperar o número da senha e da mesa de atendimento aparecerem no painel luminoso. A dificuldade começava já na fila, para pegar a senha. Uma mulher queria senha para perícia. "Hoje não tem perícia, moça, deve ter tido algum engano". "Mas a dona marcou pra mim, sim". "Deixa eu olhar o seu papel... Aqui, está vendo, é dia 14, segunda-feira". "Ah, é mesmo, desculpa viu, desculpa, eu me enganei". E lá foi a senhorita emobra, depois de ter enfrentando a fila e perdido tempo.
O painel luminoso aponta senha 2, na mesa 4. E lá vai a senhora da senha 4. "Não senhora, olha só no painel, agora é a senha 2, no atendente da mesa 4". Deu o que fazer, mas ela voltou para a cadeira. Não sei se acreditou, mas voltou, conformada. "Desculpe, desculpe", pediu e sentou. Em dez minutos, finalmente o painel chamou: senha 4, na mesa 5. E nada da senhora da senha 4, olhando para o painel e para as pesosas ao redor com o olhar perdido, mais perdida do que nunca. Até que o gentil guarda foi chamá-la e encaminhá-la pessoalmente, braço dado, até a mesa 5. Ela devia ter uns 50 anos.
Na mesa 3, um rapaz, novo, também pede desculpa. No papel está marcado que é para ele voltar para uma nova perícia dia 11 de agosto. E hoje, dia 11 de julho, lá estava ele. Enquanto isso, mais gente chegando, na fila, pedindo a senha, pedindo desculpa, sem saber para onde ir, sem saber o que fazer com o papelzinho amarelo na mão com apenas um número e o painel luminoso com dois números: o da senha e o da mesa de atendimento. Parece uma bobagem imensa mas, para quem mal foi à escola e, quando foi, teve um péssimo ensino, isso é problema dos maiores, um imenso obstáculo. E as pessoas, na sua eterna gentileza de gente humilde, pedem desculpas pela ignorância, quando deviam brigar por ela, quando deviam gritar pelo seu direito de não só viver no mundo, mas pertencer a ele.
É difícil imaginar qual futuro pode ter o país com uma população que não reconhece o significado de uma simples mensagem de atendimento, que não compreende um painel luminoso dos mais básicos e que pede desculpas o tempo todo por não saber. Não é disbribuindo comida ou benefícios em dinheiro que o país vai progredir. A primeira providência, para sair dessa escuridão na qual a maioria dos brasileiros habita, seria investir na educação. Na educação em parceria com a cultura. Porque com conhecimentos e capacidades, cada um pode por si, não é preciso receber esmola do governo, nem pena, nem caridade.
Maria Dolores
Faltava meia hora e só tinha uma mulher na porta. Resolvi tomar um café. No entanto, antes a mulher me perguntou, com muita educação e gentileza:
- Por favor, o que essa placa quer dizer, o que é atendimento ao público? Eu preciso fazer uma inscrição, será que vou conseguir?
- Vai sim, atendimento ao público quer dizer que esse é horário que qualquer pessoa pode vir aqui e ser atendida, perguntar, esclarecer dúvida, essas coisas.
- Ah, obrigada. Desculpa eu te perguntar, mas li a placa e fiquei com medo de ser outra coisa, eu não estava entendendo.
Fiquei com tanta pena da mulher, que aparentava ser de um nível sócio-econômico razoável, que a convidei para ir tomar o café comigo. "Não, obrigada, vou ficar aqui esperando para ser a primeira". "Quer que eu traga um pão de queijo pra você?". "Não, não, obrigada mesmo, pode ir".
E lá fui eu, pensando na pobre da moça e na sua aflição diante daquela frase indecifrável. Afinal, "atendimento ao público" é realmente difícil de entender. Não estou brincando, estou falando sério. Talvez seja uma coisa ridícula para quem está acostumado com esse vocabulário, com quem lê, nem que seja de vez em quando, uma notícia de jornal ou um livro, uma história em quadrinhos. Mas, para quem não teve estudo suficiente, ou apenas frequentou a escola e nunca mais teve contato com o universo intelectual, "atendimento ao público" pode ser um bicho de sete cabeças.
Fiquei pensando nisso enquanto tomava meu café com leite e comia um queijo quente. Logo veio uma sensação de tristeza e vergonha entre uma mordida e outra. Tristeza pela ignorância tão real daquela mulher, uma mulher tão gentil, com um sorriso e uma educação raros hoje em dia. Vergonha por eu tê-la criticado no meu íntimo, mesmo que por um segundo, como se aquela dificuldade de entendimento fosse algo absurdo. Pois bem, na meia hora seguinte o que vi, sem precisar procurar, é que essa é a realidade da maioria das pessoas, e o pior é que, que tem um pouco mais de instrução, lava as mãos, e eu me incluo aí.
Voltei ao INSS. Cada pessoa pegava a sua senha e ia para as cadeiras, esperar o número da senha e da mesa de atendimento aparecerem no painel luminoso. A dificuldade começava já na fila, para pegar a senha. Uma mulher queria senha para perícia. "Hoje não tem perícia, moça, deve ter tido algum engano". "Mas a dona marcou pra mim, sim". "Deixa eu olhar o seu papel... Aqui, está vendo, é dia 14, segunda-feira". "Ah, é mesmo, desculpa viu, desculpa, eu me enganei". E lá foi a senhorita emobra, depois de ter enfrentando a fila e perdido tempo.
O painel luminoso aponta senha 2, na mesa 4. E lá vai a senhora da senha 4. "Não senhora, olha só no painel, agora é a senha 2, no atendente da mesa 4". Deu o que fazer, mas ela voltou para a cadeira. Não sei se acreditou, mas voltou, conformada. "Desculpe, desculpe", pediu e sentou. Em dez minutos, finalmente o painel chamou: senha 4, na mesa 5. E nada da senhora da senha 4, olhando para o painel e para as pesosas ao redor com o olhar perdido, mais perdida do que nunca. Até que o gentil guarda foi chamá-la e encaminhá-la pessoalmente, braço dado, até a mesa 5. Ela devia ter uns 50 anos.
Na mesa 3, um rapaz, novo, também pede desculpa. No papel está marcado que é para ele voltar para uma nova perícia dia 11 de agosto. E hoje, dia 11 de julho, lá estava ele. Enquanto isso, mais gente chegando, na fila, pedindo a senha, pedindo desculpa, sem saber para onde ir, sem saber o que fazer com o papelzinho amarelo na mão com apenas um número e o painel luminoso com dois números: o da senha e o da mesa de atendimento. Parece uma bobagem imensa mas, para quem mal foi à escola e, quando foi, teve um péssimo ensino, isso é problema dos maiores, um imenso obstáculo. E as pessoas, na sua eterna gentileza de gente humilde, pedem desculpas pela ignorância, quando deviam brigar por ela, quando deviam gritar pelo seu direito de não só viver no mundo, mas pertencer a ele.
É difícil imaginar qual futuro pode ter o país com uma população que não reconhece o significado de uma simples mensagem de atendimento, que não compreende um painel luminoso dos mais básicos e que pede desculpas o tempo todo por não saber. Não é disbribuindo comida ou benefícios em dinheiro que o país vai progredir. A primeira providência, para sair dessa escuridão na qual a maioria dos brasileiros habita, seria investir na educação. Na educação em parceria com a cultura. Porque com conhecimentos e capacidades, cada um pode por si, não é preciso receber esmola do governo, nem pena, nem caridade.
Maria Dolores
5.7.08
A paisagem urbana de Três Pontas não é a mesma
Três Pontas completa 151 anos. E é com uma certa tristeza ou nostalgia que essa data está povoando meus pensamentos. Vou muito à cidade, muito mesmo. Mas, fiquei (quase um recorde) um mês sem ir. Para recuperar o tempo perdido, fomos no último final de semana e fiquei pesarosa ao andar pelas ruas da nossa querida “Trespa”. Primeiro, porque muitos casarões e casas antigas estão sendo demolidos, aos poucos. É um destino infeliz, e complicado. Complicado porque os donos das casas muitas vezes não possuem o dinheiro suficiente para realizar uma restauração no imóvel, que, em alguns casos, está prestes a cair. Ou, ainda, não conhecem os meios para conseguir a difícil colaboração do estado para o processo de restauro, difícil, porém possível. Em outras situações, as pessoas realmente não se importam e preferem ver a casa “velha” no chão e levantar uma “nova”. Isso é uma grande pena, porque a história de Três Pontas vai, pouco a pouco, sendo jogada terra abaixo.
Não bastasse isso, em uma pequena volta de carro percebi que a moda agora nos prédios de pequeno porte e pontos comerciais são as placas de pastilhas revestindo as paredes externas, que não são azulejos, mas também não são ladrilhos. Ficam no meio do caminho. Em quase cada quarteirão comercial há algum estabelecimento reformado ou construído com esse revestimento. Trata-se de um material muito prático, fácil de limpar e com um quê de charme. O problema é que a grande quantidade de locais com o mesmo acabamento tira o charme e torna tudo parecido. Talvez esteja na moda essa placa, ou seja bem em conta. Só que é um tipo de moda que permanece aí, por muito tempo. A tinta, pelo menos, é mais fácil de trocar.
E foi isso o que eu percebi da paisagem urbana da cidade: construções históricas cada vez mais raras, e um boom de paredes brilhantes de pastilhas coloridas. Foi então que tive uma alegria, ao ver um prédio na rua da Vila Vicentina, todo branco. Nada contra as pastilhas, e sim, contra o excesso delas, que dão aos lugares a mesma cara, como se fossem todos uma coisa só. Esse é sempre o risco da moda: a repetição. Mas, gosto é gosto, recursos são recursos, e cada um sabe de si e da sua consciência. Quem sou eu para falar? Sou apenas uma observadora, que ama a cidade, mesmo morando fora, e que sentiu uma dorzinha no peito ao ver a paisagem urbana tomando esse caminho.
Mas, como eu disse, quem sou eu para falar? O telefone da sala da minha casa estragou e, em vez de comprar um aparelho moderno, sem fio, cheio de tecnologia, gastei o dobro do que gastaria em um último modelo comprando um telefone laranja em uma feira de antiguidades, daqueles de discar. Apesar do susto inicial do marido e do filho, todos gostaram do aparelho. E eu me distraio discando nele. Adoro fazer interurbano, só para discar o zero e ver o disco todo rodar, ouvir o barulhinho. É uma terapia - e um exercício de paciência. Portanto, gosto é gosto. Quem sou eu para falar?
(Crônica publicada no Correio Trespontano em 05/07/2008)
Até!
Maria
Não bastasse isso, em uma pequena volta de carro percebi que a moda agora nos prédios de pequeno porte e pontos comerciais são as placas de pastilhas revestindo as paredes externas, que não são azulejos, mas também não são ladrilhos. Ficam no meio do caminho. Em quase cada quarteirão comercial há algum estabelecimento reformado ou construído com esse revestimento. Trata-se de um material muito prático, fácil de limpar e com um quê de charme. O problema é que a grande quantidade de locais com o mesmo acabamento tira o charme e torna tudo parecido. Talvez esteja na moda essa placa, ou seja bem em conta. Só que é um tipo de moda que permanece aí, por muito tempo. A tinta, pelo menos, é mais fácil de trocar.
E foi isso o que eu percebi da paisagem urbana da cidade: construções históricas cada vez mais raras, e um boom de paredes brilhantes de pastilhas coloridas. Foi então que tive uma alegria, ao ver um prédio na rua da Vila Vicentina, todo branco. Nada contra as pastilhas, e sim, contra o excesso delas, que dão aos lugares a mesma cara, como se fossem todos uma coisa só. Esse é sempre o risco da moda: a repetição. Mas, gosto é gosto, recursos são recursos, e cada um sabe de si e da sua consciência. Quem sou eu para falar? Sou apenas uma observadora, que ama a cidade, mesmo morando fora, e que sentiu uma dorzinha no peito ao ver a paisagem urbana tomando esse caminho.
Mas, como eu disse, quem sou eu para falar? O telefone da sala da minha casa estragou e, em vez de comprar um aparelho moderno, sem fio, cheio de tecnologia, gastei o dobro do que gastaria em um último modelo comprando um telefone laranja em uma feira de antiguidades, daqueles de discar. Apesar do susto inicial do marido e do filho, todos gostaram do aparelho. E eu me distraio discando nele. Adoro fazer interurbano, só para discar o zero e ver o disco todo rodar, ouvir o barulhinho. É uma terapia - e um exercício de paciência. Portanto, gosto é gosto. Quem sou eu para falar?
(Crônica publicada no Correio Trespontano em 05/07/2008)
Até!
Maria
2.7.08
Hoje começa a Flip
Começa hoje a Festa Literária Internacional de Paraty. Ai que vontade de ir. Mas, enfim, compromissos são compromissos e eu não posso. Quem puder, vale à pena. Entre os autores internacionais que participam da festa, está Inês Pedrosa. Para ler a entrevista que fiz com ela para a revista Bravo! de junho, clique aqui. A Flip acontece de 2 a 6 de julho.
Confira a programação no site da Flip.
E sábado tem festa na Fazenda do Danér, em Três Pontas, com a banda Ark2.
Até!
Maria
Confira a programação no site da Flip.
E sábado tem festa na Fazenda do Danér, em Três Pontas, com a banda Ark2.
Até!
Maria
1.7.08
Um programa diferente
Acabei de ser informada que domingo que vem, dia 6 de julho, farei um programa totalmente diferente dos que eu tenho costume de fazer. Vou assistir ao jogo "São Paulo x Ipatinga" pela 9 rodada do Campeonato Brasileiro 2008. O programa inusitado (para mim) faz parte de um evento que vou cobrir. Vida de jornalista. Num outro evento, no início do ano, ganhei um autógrafo de uma coelhinha da Playboy. Detalhe: ela autografou na revista com o seu ensaio fotográfico e, verdade, fez a dedicatória em cima do corpo dela, na "poupança" (como diria a minha avó) na foto, claro. Não deu tempo de eu avisar que estava ali só cobrindo o evento. Fui pegar o nome completo dela e ganhei a revista autografada. Ela podia, pelo menos, ter colocado no nome do Felipe. De toda maneira, dei a revista para ele e nem sei se ele achou estranho eu ter ganho o autógrafo... Enfim, trabalho é trabalho. E como eu sempre digo: não posso reclamar, porque eu sempre me divirto. Agora nada de coelinhas, mas sim, futebol. Estou achando bom (melhor que o autógrafo da mocinha, embora ela seja realmente bonita e tenha me parecido simpática). Nunca assisti a um jogo assim, ao vivo. Nunca fui a um estádio. Espero que seja animado, com muitos gols, de preferência do São Paulo, que é o time do Felipe...
Até!
Maria
Até!
Maria
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