A Marolo Produções completou um aninho de vida no final de 2007.
E quer celebrar seu primeiro ano - de muitas realizações - presenteado seus parceiros, clientes, colaboradores e amigos. Para participar, basta enviar um e-mail para marolo@maroloproducoes.com.br respondendo à pergunta: o que é um marolo?
O prazo para enviar as respostas é até 28 de fevereiro. O sorteio será dia 1 de março.
E o Carnaval já chegou... Bom feriado pra todo mundo....
Até!
Maria
Maroleiro é o pé do marolo, uma fruta de casca dura, áspera, irregular, com polpa alaranjada, impregnada por grãos de areia. O sabor, no entanto, é único, perfumado, inesquecível.
31.1.08
22.1.08
Um pedaço de chão pra sonhar
Domingo, 13 de janeiro de 2008. 21:59. Acabei de ver um filme e tomar uma taça de vinho, um Concha y Toro, chamado Travessia. Comprei duas garrafas, por causa do nome. Uma, guardei para um dia especial. A outra abri ontem, para provar. Ainda não estou com sono, não quero ver televisão, o pequeno está viajando – que falta faz colocá-lo para dormir - e confesso a falta de ânimo para retomar a leitura do primeiro volume de Obras Completas de Jorge Luís Borges, em espanhol. Então, vejo uma luz no céu, por trás das nuvens que refletem o alaranjado da noite paulistana. É uma ponta da lua, como um cristal despontando no alto, sobre a torre esquerda do prédio que fica do outro lado da rua e que o Felipe chama de “Castelo de Graiscow”.
O vento refresca e debruço no parapeito da janela, com o rosto encostado na grade. É irresistível não olhar tantos prédios, tantas luzes dos apartamentos acesas e não ficar pensando no que fazem as pessoas que moram ali. Observando de longe, confirmo para mim mesma que prefiro a luz amarela, convencional. Não gosto das lâmpadas fluorescentes. Podem ser econômicas, mas são muito pouco aconchegantes. Também não gosto de sofás de couro ou daquele tecido que imita veludo cotelê. O primeiro é frio e grudento. O segundo, é insuportável no calor.
Uma moça fala ao telefone no terceiro apartamento da direita, contando de cima para baixo, no prédio cor de goiaba. Os dois duplex da frente estão com as luzes apagadas. Na esquina onde um dia um policial atirou num suspeito, ou bandido, os sinais mudam. Vermelho, verde, laranja. E eu estou aqui, sentindo a brisa desse décimo quarto andar, assistindo a uma cidade que não pára, não dorme, e que escolhi para morar. Vejo esses apartamentos e me pergunto como tantas pessoas conseguem viver umas debaixo das outras? Nós... Pelo menos só temos um andar acima. Há 13 abaixo e isso não me tranqüiliza. Sinto falta de ar, por mais que vente por aqui. Sinto falta de um quintal, um mínimo pedaço de chão que eu possa pisar e ser meu, de mais ninguém.
Se um dia eu puder comprar uma morada - não um lar, porque lares não se compram - mesmo que more em São Paulo e prefira viver num apartamento pela segurança, não vou comprar um. Vou comprar uma casa, se não der, um terreno. Prefiro ter um pedaço de chão vazio, onde eu possa desenhar minha casa imaginária, do que paredes de concreto suspensas e esmagadas pela densidade demográfica. Dividindo o terreno do prédio onde moro pelo número de apartamentos, o que fica para cada um não dá nem para montar um quarto, fazer uma horta, ou tomar um banho de sol. Me conforta pensar num pedaço do planeta que seja meu e que ali possa erguer o que eu quiser, mesmo que sejam apenas sonhos ou ilusões.
Não quero ter dinheiro para comprar ou acumular, não quero ter a casa mais bonita da rua, não me faz falta viajar, não preciso de um sapato para ser feliz ou me sentir bem. Basta estar com a família, ter uma boa história para ler ou ouvir e outra melhor ainda para contar, uma xícara de café preto e uma nova idéia, um projeto, algo que me traga paixão, que me faça sonhar e que mova meus dias. Isso é o que eu preciso para ser feliz, e tenho tido. Entretanto, se um dia tiver a sorte de ter meu próprio canto, que tenha cheiro de chão, que eu possa sentir com meus pés e plantar uma árvore, ou que seja pura e simplesmente um espaço aberto, sem nada mais acima ou abaixo do que o céu, a terra e um pouco de ar.
(Crônica publicada no Correio Trespontano em 19/01/2008)
O vento refresca e debruço no parapeito da janela, com o rosto encostado na grade. É irresistível não olhar tantos prédios, tantas luzes dos apartamentos acesas e não ficar pensando no que fazem as pessoas que moram ali. Observando de longe, confirmo para mim mesma que prefiro a luz amarela, convencional. Não gosto das lâmpadas fluorescentes. Podem ser econômicas, mas são muito pouco aconchegantes. Também não gosto de sofás de couro ou daquele tecido que imita veludo cotelê. O primeiro é frio e grudento. O segundo, é insuportável no calor.
Uma moça fala ao telefone no terceiro apartamento da direita, contando de cima para baixo, no prédio cor de goiaba. Os dois duplex da frente estão com as luzes apagadas. Na esquina onde um dia um policial atirou num suspeito, ou bandido, os sinais mudam. Vermelho, verde, laranja. E eu estou aqui, sentindo a brisa desse décimo quarto andar, assistindo a uma cidade que não pára, não dorme, e que escolhi para morar. Vejo esses apartamentos e me pergunto como tantas pessoas conseguem viver umas debaixo das outras? Nós... Pelo menos só temos um andar acima. Há 13 abaixo e isso não me tranqüiliza. Sinto falta de ar, por mais que vente por aqui. Sinto falta de um quintal, um mínimo pedaço de chão que eu possa pisar e ser meu, de mais ninguém.
Se um dia eu puder comprar uma morada - não um lar, porque lares não se compram - mesmo que more em São Paulo e prefira viver num apartamento pela segurança, não vou comprar um. Vou comprar uma casa, se não der, um terreno. Prefiro ter um pedaço de chão vazio, onde eu possa desenhar minha casa imaginária, do que paredes de concreto suspensas e esmagadas pela densidade demográfica. Dividindo o terreno do prédio onde moro pelo número de apartamentos, o que fica para cada um não dá nem para montar um quarto, fazer uma horta, ou tomar um banho de sol. Me conforta pensar num pedaço do planeta que seja meu e que ali possa erguer o que eu quiser, mesmo que sejam apenas sonhos ou ilusões.
Não quero ter dinheiro para comprar ou acumular, não quero ter a casa mais bonita da rua, não me faz falta viajar, não preciso de um sapato para ser feliz ou me sentir bem. Basta estar com a família, ter uma boa história para ler ou ouvir e outra melhor ainda para contar, uma xícara de café preto e uma nova idéia, um projeto, algo que me traga paixão, que me faça sonhar e que mova meus dias. Isso é o que eu preciso para ser feliz, e tenho tido. Entretanto, se um dia tiver a sorte de ter meu próprio canto, que tenha cheiro de chão, que eu possa sentir com meus pés e plantar uma árvore, ou que seja pura e simplesmente um espaço aberto, sem nada mais acima ou abaixo do que o céu, a terra e um pouco de ar.
(Crônica publicada no Correio Trespontano em 19/01/2008)
16.1.08
Travessia nos Estados Unidos
Hoje fiquei sabendo que meu livro "Travessia - a vida de Milton Nascimento" foi comprado pelo Dartmouth College, em Hanover, Estados Unidos, e já está na sua biblioteca. Legal, não???
Até!
Maria
Até!
Maria
14.1.08
Escreva Três Pontas com o "cutuvelo"
Depois de um mês na tentativa louca de esticar o tempo para dar conta do trabalho na Abril e a produção dos dois shows do Änïmä Minas, tirei a tarde de sábado para descansar. Tinha acabado de pegar no sono quando o telefone tocou. Era meu primo Gabriel, que tem 15 anos. Em uma situação normal eu provavelmente teria dado uma bronca por ele ter me acordado, embora ele não tivesse como saber da minha soneca. Mas quando ele disse o motivo do telefonema, eu logo me animei, e me senti recompensada por tudo.
- Maria, você tem aí o repertório com a lista das músicas que o Milton Nascimento e o Änïmä Minas tocaram ontem?
- Tenho, por quê?
- Eu adorei o show, meus amigos adoraram, e eu quero baixar as músicas na internet. Foram as que eles tocaram no show do Änïmä e mais algumas, né?
No mesmo instante fui lembrando de cabeça uma por uma, porque ele estava ansioso para começar a ouví-las e não queria esperar. Meu sono foi embora e liguei o computador para escrever sobre isso. Fiquei muito feliz e emocionada ao ver meu primo adolescente e toda a sua turma empolgada com as músicas de Milton Nascimento. Não só por ele ser um grande artista da terra e um dos maiores do Brasil e do mundo, mas principalmente porque suas músicas representam o que há de melhor na nossa cultura e história musical. Ver gente tão nova querendo ouvir e cantar a boa música encheu meu coração de alegria e esperança. Isso, mais que tudo, vale qualquer esforço.
Confesso que senti um certo alívio, porque estava preocupada e envergonhada desde o dia que acessei uma comunidade de Três Pontas no Orkut. Eu não tinha Orkut, mas criei um recentemente para divulgar os dois eventos do Änïmä Minas. Ao entrar nessa comunidade, por sinal a mais popular sobre a cidade, perdi o chão. Os tópicos mais acessados eram inacreditáveis. O campeão de acessos e mensagens era “Escreva Três Pontas com o cutuvelo”, isso mesmo, ainda por cima cotovelo escrito errado. Depois vinham os também arrepiantes “Jogo do vai se fudê” e “Jogo da puta que pariu”.
Além de chocada, meu sentimento foi de frustração, pensando no futuro dessa juventude cuja maior preocupação é escrever Três Pontas com o “cutuvelo”. Tudo bem, na pré-adolescência e adolescência (sem falar nos marmanjos) ninguém quer ficar discutindo a vida e assuntos sérios, mas escrever Três Pontas com o cotovelo é demais. Fiquei pensando no papel dos pais em mostrar aos filhos um mundo diferente, onde há espaço tanto para festas de bebida à vontade e música comercial quanto para teatro, música de qualidade, leitura, trabalhos sociais, ambientais. Um mundo em que tudo isso pode conviver e fazer as pessoas felizes e melhores como seres humanos.
Ao receber o telefonema do meu primo, uma luz se acendeu no meu coração, me fez esquecer o cansaço e recuperar o ânimo, já pensando em novos planos para o futuro, a cabeça fervilhando de idéias e vontade de não deixar essa onda de empolgação passar. Ao me pedir a lista de músicas para procurar e escutar, o Gabriel me deu um presente, porque reforçou em mim aquilo em que eu mais acredito: que nada é impossível quando se tem vontade e persistência, que cada pequena ação pode, sim, fazer a diferença, agregar e multiplicar. Se conseguir ao longo da vida dar a minha mínima contribuição para que outros Gabrieis tenham o mesmo interesse que meu primo, tudo terá valido à pena, e valerá.
Maria Dolores
(Crônica publicada no Correio Trespontano, dia 28/12/2007)
- Maria, você tem aí o repertório com a lista das músicas que o Milton Nascimento e o Änïmä Minas tocaram ontem?
- Tenho, por quê?
- Eu adorei o show, meus amigos adoraram, e eu quero baixar as músicas na internet. Foram as que eles tocaram no show do Änïmä e mais algumas, né?
No mesmo instante fui lembrando de cabeça uma por uma, porque ele estava ansioso para começar a ouví-las e não queria esperar. Meu sono foi embora e liguei o computador para escrever sobre isso. Fiquei muito feliz e emocionada ao ver meu primo adolescente e toda a sua turma empolgada com as músicas de Milton Nascimento. Não só por ele ser um grande artista da terra e um dos maiores do Brasil e do mundo, mas principalmente porque suas músicas representam o que há de melhor na nossa cultura e história musical. Ver gente tão nova querendo ouvir e cantar a boa música encheu meu coração de alegria e esperança. Isso, mais que tudo, vale qualquer esforço.
Confesso que senti um certo alívio, porque estava preocupada e envergonhada desde o dia que acessei uma comunidade de Três Pontas no Orkut. Eu não tinha Orkut, mas criei um recentemente para divulgar os dois eventos do Änïmä Minas. Ao entrar nessa comunidade, por sinal a mais popular sobre a cidade, perdi o chão. Os tópicos mais acessados eram inacreditáveis. O campeão de acessos e mensagens era “Escreva Três Pontas com o cutuvelo”, isso mesmo, ainda por cima cotovelo escrito errado. Depois vinham os também arrepiantes “Jogo do vai se fudê” e “Jogo da puta que pariu”.
Além de chocada, meu sentimento foi de frustração, pensando no futuro dessa juventude cuja maior preocupação é escrever Três Pontas com o “cutuvelo”. Tudo bem, na pré-adolescência e adolescência (sem falar nos marmanjos) ninguém quer ficar discutindo a vida e assuntos sérios, mas escrever Três Pontas com o cotovelo é demais. Fiquei pensando no papel dos pais em mostrar aos filhos um mundo diferente, onde há espaço tanto para festas de bebida à vontade e música comercial quanto para teatro, música de qualidade, leitura, trabalhos sociais, ambientais. Um mundo em que tudo isso pode conviver e fazer as pessoas felizes e melhores como seres humanos.
Ao receber o telefonema do meu primo, uma luz se acendeu no meu coração, me fez esquecer o cansaço e recuperar o ânimo, já pensando em novos planos para o futuro, a cabeça fervilhando de idéias e vontade de não deixar essa onda de empolgação passar. Ao me pedir a lista de músicas para procurar e escutar, o Gabriel me deu um presente, porque reforçou em mim aquilo em que eu mais acredito: que nada é impossível quando se tem vontade e persistência, que cada pequena ação pode, sim, fazer a diferença, agregar e multiplicar. Se conseguir ao longo da vida dar a minha mínima contribuição para que outros Gabrieis tenham o mesmo interesse que meu primo, tudo terá valido à pena, e valerá.
Maria Dolores
(Crônica publicada no Correio Trespontano, dia 28/12/2007)
8.1.08
Guia Minas Gerais - Guia 4 Rodas
Está nas bancas o Guia Minas Gerais, do Guia Quatro Rodas (Ed. Abril). Ficou lindo e tem quatro matérias minhas: Belo Horizonte pelo Clube da Esquina; Minas de Drummond; Minas de Guimarães Rosa; e Minas de Milton Nascimento, que tem uma linda foto da Igreja de Três Pontas feita por Cíntia Duarte, excelente fotógrafa e ainda mais excelente mãe...
Um abraço e até!
Maria Dolores
Um abraço e até!
Maria Dolores
4.1.08
Auto de Natal e Show Milton Nascimento
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