26.6.07

Shows de Lô Borges eWagner Tiso

Como parte das comemorações dos 150 de Três Pontas haverá um show de Lô Borges e convidados no dia 29, sexta-feira, no Centro Cultural Milton Nascimento. O show está com os ingressos esgotados e é faz parte do projeto Museu Vivo Clube da Esquina.

No dia seguinte, 30 de junho, sábado. o trespontano Wagner Tiso se apresenta ao ar livre, num palco montado em frente ao Conservatório Municipal Heitor Villa-Lobos.

Depois, tem show de Tutuca e banda, e Ian e Gabriel Guedes, no Bar Automóvel Clube, mais conhecido como Posto.

E mais uma novidade... Nessa sexta, o grupo Änïmä Minas, também de trespontanos, entre eles meu marido Felipe Duarte, grava participação em um famoso programa de TV, que vai ao ar no sábado... Na sexta dou mais detalhes sobre isso.. Mas vai ser lindo, os ensaios ficaram maravilhosos...

Enfim, por enquanto, é isso!

Maria Dolores

Mais um texto no Correio Trespontano

A bola de 25 anos

Ando um pouco nostálgica. Para falar a verdade, sou nostálgica desde sempre, provavelmente desde o dia em que tive consciência de que o que passou não volta mais. Mas, tanta nostalgia não chega a ser um problema. Só que, volta e meia, me surpreendo suspirando, lembrando com saudade de algo que se passou, mesmo que tenha sido ontem, ou há duas horas. A música, o cheiro e a temperatura – isso mesmo, a sensação do ar na pele - são as chaves fortes capazes de me arrancar do presente e, num instante, me transportar para outro tempo. Às vezes isso é tão intenso e imperceptível que me abstraio do que realmente estou fazendo, e as conseqüências são um pouco desastrosas, de trabalhos perdidos a batidas de carro. Mas, enfim...
Outro gatilho para disparar esse sentimento em mim são alguns objetos, poucos, que me acompanham. Não tive uma mamadeira ou chupeta especial, nem naninha, como certas crianças têm, que nada mais são que panos encardidos arrastados a ferro e fogo por onde vão. Não guardei bonecas e não sei onde está meu primeiro cacho de cabelo ou meus dentes de leite. Mas guardo com carinho uma lembrança palpável da minha infância e que agora, orgulhosamente, completa 25 anos: uma bola.
Ganhei quando eu fiz quatro anos, do meu pai, durante umas férias, fim de semana ou feriado com ele em Belo Horizonte, já não sei. Mas lembro bem do acontecido, estava na casa da minha vó, perto da praça do Papa, e eu queria muito a bola da Moranguinho. Ganhei o presente, que estourou rápido e, então, de surpresa, meu pai me deu uma bola dente de leite, cor de rosa choque, com pequeninhas estrelas coloridas, meio fosforescentes. Confesso que era um rosa vivo, e que a bola apresentava alto poder de impulsão ao cair no chão. Hoje, passado um quarto de século, o rosa está mais para marrom e ela mal pica quando cai. A seu favor, no entanto, tem o fato de estar inteira, intacta, e não estar murcha, após milhares de chutes e outros dissabores ao longo da sua existência.
Não me perguntem como é que ainda não estourou. Não foi por falta de uso, porque eu brinquei com ela, com a força desmedida e o descuidado característicos da primeira infância. Depois, na adolescência, já consciente de ser um fato quase único ter uma bola com tamanha durabilidade, passei a deixá-la em cima da estante, como um enfeite precioso, um troféu da minha saborosa meninice que não queria – nem quero – perder. Mas, antes de sair da adolescência e entrar gloriosa, madura, responsável e independente na vida adulta, vieram minha irmã e meu filho, tiraram a bola da estante e lhe devolveram sua verdadeira função. Vigiei as brincadeiras como pude. Que não chutassem com força, que não jogassem no telhado, que não a atirassem no jardim. Um diálogo inútil, como quase todos quando tentamos privar as crianças do que não precisa ser privado.
O fato é que os dois cresceram, perderam interesse pela bola e eu, cada vez mais sem acreditar como poderia durar tanto tempo, decidi guardá-la no fundo escuro de um armário, na tentativa de protegê-la dos perigos da vida. E, assim, completou 25 anos. Mas envelheceu mais nos dois últimos, desde que a fechei no armário, do que nos outros vinte e três. Anda com a cor desmaiada, abatida. As estrelas perderam quase todo o brilho e talvez não dure muito mais. Por isso, acho que vou resgatá-la da proteção escura e dar a ela, ainda uma vez, o gosto de viver a sua plenitude de bola, com os riscos próprios e necessários. Talvez assim ela recobre as energias e sobreviva a outros 25 anos, caminhando comigo, ou, quem sabe, até mais que eu.

14.6.07

Novos textos

Mais um texto na Piauí, sob o título de "Limbo Cirúrgico":
http://www.revistapiaui.com.br/artigo.aspx?id=82

Quem puder ler, muito bom o último texto "A última ceia". Vale uma boa lida...

Inté!
Maria Dolores

11.6.07

De volta à terrinha, e ao seu jornal

Voltei a escrever no "Correio Trespontanto". A primeira de muitas crônicas, espero, foi esse texto, abaixo:

Crônica de uma vida anunciada

Em 1999 eu escrevi um texto sobre a privatização da Vale do Rio Doce e o Correio Trespontano publicou. Foi o primeiro de uma série de crônicas publicadas e de uma parceria muito querida com esse jornal que sempre abriu suas portas para novas idéias, minhas e de tantos outros. Foram quatro anos de crônicas semanais, depois quinzenais, esporádicas, até o trabalho diário tomar todo o meu tempo e as delícias do dia a dia deixarem de ocupar o primeiro plano das minhas atenções.Outros quase quatro anos se passaram sem escrever crônicas, quatro anos de histórias perdidas na memória cada vez mais frágil, sentimentos jogados fora ou enterrados no canto mais secreto da alma, de onde talvez só daqui outros tantos anos eu os consiga resgatar, quem sabe na velhice, se a vida me permitir a graça e a virtude de chegar ao tempo da sabedoria e da serenidade. Tantas vezes nesse tempo não escrito, vi e passei por coisas lindas, tristes, divertidas, emocionantes, acontecimentos e detalhes que se perderam como se perdem a maioria, porque não passam sequer para as lembranças da próxima manhã. Esquecemo-nos delas no instante seguinte, como teria esquecido, se não tivesse anotado num bloco de rascunhos, aquele fim de tarde no congestionamento sobre um viaduto no centro de São Paulo, resgatado do marasmo pela Ave Maria de Gounod que ecoou da torre de uma Igreja e me fez perceber que eram seis horas da tarde, e me sentir feliz porque não só nas cidades pequenas a hora do ângelus, da Nossa Senhora, é celebrada. Existe calor mesmo onde não se espera, sim. Quantas histórias se desmancharam no ar, no esquecimento, por não ter dado a elas a devida atenção. E o mais triste e percebido a tempo, espero, é que, enquanto me ocupava com assuntos sérios de trabalho e deixava as crônicas para o dia seguinte, também deixava de prestar atenção à beleza do mundo à minha volta, aos detalhes que dão a cor da vida, enfiada cada vez mais diante na tela do computador. Uma existência virtual e incompreensível. Divertindo-me sempre, mas em festas, eventos, sem dar o devido valor ao dia a dia. Não só deixei de espiar esses pequenos sabores, como também deixei de experimentá-los, deixando sempre para o dia seguinte. Deixando a caminhada e a natação para o tempo livre que nunca vem, e agora luto contra dores fora de época em todos os pontos do corpo. Deixando a arrumação nos armários da casa para aquele feriado prolongado e tranqüilo, que nunca acontece. Deixando as visitas, as horas de histórias com o pequeno, os passeios com o amado, as tardes tranqüilas, os livros na estante, os personagens do romance. Tudo para o dia seguinte, que é a data mais distante que pode haver no mundo. O dia seguinte é aquele que nunca chega. Por isso eu parei agora, às 10:42 da manhã dessa segunda-feira, dia 4 de junho. Parei de escrever um trabalho urgente para fazer esse texto, para tentar retomar, de alguma maneira, as crônicas e a vida. Porque não adianta conseguir bons trabalhos, conquistar dinheiro e sucesso - não que eu os tenha conquistado – e simplesmente não ter tempo, disposição e saúde para aproveitar o que realmente a vida tem de bom a nos oferecer: as pessoas e os momentos. Não só os momentos ditos especiais, mas principalmente os de cada manhã, cada tarde e cada noite.Das pessoas nem é preciso falar... O que seríamos sem elas? E um momento bem vivido é uma lembrança que vale pela viagem dos sonhos, pelo carro do ano, pela casa de campo, por todas as roupas da moda, é a maior herança que alguém pode carregar consigo, e deixar com os outros. Os momentos são únicos, nenhum, nunca, jamais é igual ao outro. São os momentos que fazem a história e é a história de cada um que dá sentido à vida. Qual a graça de uma vida cheia de bens, status e conforto, mas poucas histórias? Para mim, nenhuma. Por isso escrevo aqui essa crônica, na tentativa de retomar as crônicas do jornal e do meu percurso, para não perder a beleza insuperável que existe em um dia após o outro, um minuto após o outro, e encher de palavras e cores as páginas que ficaram em branco da minha própria história.

Maria Dolores

6.6.07

Piauí e Cidinha

A revista Piauí de junho chegou nas bancas no sábado, dia 2. Tenho um texto nela, na seção Esquina, chamado "Limbo cirúrgico" pelo qual tenho muito carinho e que me fez retomar o gosto pelo cotidiano. Em vez de sair procurando desesperadamente histórias, apenas abrir os olhos, prestar a atenção ao redor, ao lado, porque as histórias estão aí, elas vem todos os dias ao nosso encontro. Resta apenas estarmos abertos para elas, e para a vida... Indo levar e buscar minha tia por uma semana na ala de pré-operatório de cirurgia cardíaca da Beneficência Portuguesa, pelo SUS, descobri um universo riquíssimo, uma história saborosa, quente, sofrida, cheia de... vida... Fiz o texto para a Piauí, e muito feliz porque meu tio operou, está bem e ficou feliz em sair na revista! Feliz porque essa semana, no meio de uma reunião rotineira de trabalho, encontrei outra história, ela bateu na minha porta. Na verdade sempre esteve ali, eu é que nunca a tinha percebido. E estou escrevendo mais um texto para Piauí... E no embalo da redescoberta do dia a dia, retomei as crônicas para meu querido jornal Correio Trespontano! Ai que saudade da minha terra...
E para fechar meu dia feliz, li um texto lindo, saboroso e carinhoso sobre meu livro, no Blog da Cidinha. Ela escreve muito bem e eu já tinha visto os textos dela, depois que li no Blog do Marcelino Freire sobre ela. Me senti muito recompensada ao ler o post, porque afinal, todo o meu trabalho com a biografia do Milton não foi em vão... Umá história linda, mas que só valeria à pena se tivesse leitores... E está tendo, e que leitores!

Bom, é isso, hoje estou assim, feliz, escrevendo por escrever, sem pensar na forma, sem reler, sem revisar, apenas fluindo.
Queria ser mais assim...

Inté!
Maria Dolores