Fiquei um tempinho fora do blog, porque estava a mil por hora com o Festival Música do Mundo, que organizamos na minha terrinha querida, Três Pontas, em homenagem ao Milton Nascimento, Wagner Tiso, boa música e amizade. Abaixo, o textinho que escrevi para o jornal Correio Trespontano desse sábado, sobre o Festival (que aconteceu de 10 a 13 de setembro).
Há sete anos, quando eu estava no penúltimo ano de faculdade e resolvi escrever um livro reportagem sobre o Milton Nascimento para apresentar como meu trabalho de conclusão de curso, era só isso: um trabalho de escola. Nunca pude imaginar que esse passo tão pequeno me levaria por um caminho tão fascinante, com portas abertas a lugares incríveis, uma viagem que vale por uma vida inteira. Não só por conhecer as pessoas que conheci ou por fazer parte, de alguma maneira, de um mundo singular, do mundo que só vemos nos livros, na televisão ou nas histórias dos que passam por nós e que, em determinado momento, tiveram o privilégio de vivenciar algo especial. Mas, principalmente, porque seguir esse caminho me permitiu realizar sonhos.
Outro dia, um primo me perguntou por que razão eu e o Felipe inventamos de fazer esse festival que exigiu demasiado trabalho, dedicação, amor - tudo sem a verba necessária. A resposta parece resquício de uma época e uma ideologia que há tempos deixaram de existir, mas é sincera: porque queremos fazer algo de bom para a nossa cidade, a nossa região, o nosso país e o mundo. Porque acreditamos que a cultura pode melhorar a vida das pessoas e porque isso só acontece se houver quem esteja disposto a fazer a sua parte, correr o risco e, ainda, reunir outras pessoas que acreditem nas mesmas coisas e que amem você o suficiente para se entregar de corpo e alma à empreitada, dar a cara a tapa e se levantar diante de cada dificuldade.
Porque foram muitas as dificuldades. O cancelamento do Jon Anderson, por problemas de saúde, da Rita Lee, outra vez por problemas de saúde a três dias do show, a falta de experiência em todas as áreas de um evento de grande porte, a falta de dinheiro. No sábado, quando havia transcorrido tudo bem na quinta e na sexta e uma energia mágica envolvia o Centro de Eventos, sentei na grama para assistir ao show, respirei fundo, aliviada, feliz. Quando o sol se pôs, no pôr do sol que eu e o Felipe tanto desejamos e que nos fez escolher aquele local, percebi que tinha valido à pena, mais uma vez. A cada apresentação, uma nova sensação de plenitude. Para completar, receber da voz do Milton “Canção da América”, não só para mim, mas para todo mundo que vestiu a camisa, foi uma recompensa sem igual. E ver a emoção do mesmo Milton Nascimento, Ronaldo Bastos, Fernando Brant, Márcio Borges e Wagner Tiso no bate-papo no domingo e outro lindo pôr do sol no Pontalete nos fez dormir em paz, depois de algumas semanas de agitação e ansiedade.
Não precisaria fazer mais nada. Seria possível dizer que a nossa parte havia sido cumprida. Mas, o coração é inquieto, a mente não pára e os sonhos nascem sempre, porque os sonhos não envelhecem. Por isso, esperamos ter energia para fazer outros festivais e ajudar a brotar as sementinhas do que foi possível ser plantado agora. Portanto, quero agradecer e dedicar o Festival Música do Mundo e a minha admiração àqueles que estiveram comigo com o pé nessa estrada:
Felipe, sócio, marido e grande amor, Cemig, Yamaha, Prefeitura de Três Pontas, em nome da prefeita Luciana Mendonça e toda sua equipe que nos ajudou em tudo o que foi possível, à ACTA (Tiago, Paulo, Jean), à Cocatrel, ao deputado Bilac Pinto, à Câmara Municipal, à Marilene Gondim, à Giselle Goldoni, Paulo Lafayette e, claro, à equipe de produção e parceiros, não à toa feita de família e amigos: Cíntia, Betina, Zita, Mariana, Marco Elízeo, Cigarrete, Du, Cabeto, Jajá, Gilbertinho, Beth, Norma, Márcio, Keller, Cafi, Kiko, Dayanne, Marden, Fernando, Vanusa, Joyce, Rose, Janice, João, Pedro, João Duarte, Diego, Tati, Kátia, Xande, Machado Júnior, Júnia, Laura, e tantos outros que, peço, se sintam agradecidos, porque não há espaço aqui para citar os nomes, mas o espaço é enorme no coração.
Quero agradecer a todos da cidade, aos colaboradores do comércio, empresas locais e ao público. Quero, ainda, agradecer especialmente ao Wagner e ao Milton por terem nascido e apostado nos seus próprios sonhos. E, por fim, com todo amor: Bituca, obrigada por tudo.
Maria Dolores